terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Ananindeua sem fiscalização

Ananindeua é a segunda maior cidade do Estado, ficando atrás apenas de Belém. Por isso, é um pólo estratégico nas disputa políticas. Nas eleições deste ano não vai ser diferente. Alguns nomes já estão definidos entre aqueles que pretendem disputar a vaga para prefeito da cidade, outros ainda buscam definição. Entre os candidatos já declarados destacam-se o atual prefeito, Helder Barbalho, e o ex-prefeito e atual deputado estadual, Manoel Pioneiro.

Para Helder Barbalho a reeleição é parte estratégica de seu plano político a médio prazo, que é preparar-se para as eleições ao governo do Estado em 2010. Esse é sonho político da família Barbalho, cujo patriarca, Jader, governou o estado por duas ocasiões e quer passar sua herança política ao filho.O atual prefeito conta com dois aliados de peso nessa grandiosa pretensão, que são os veículos de comunicação do Grupo RBA, de sua família, e os recursos do PAC (Plano de Aceleração do Crescimento).

A aliança com o PT garantiu muitos milhões de reais a Ananindeua, os quais serão usados, oficialmente, para acelerar o crescimento do município, e, incidentalmente, a caminhada de Helder rumo ao governo do Estado.O grande problema de Helder é que em seu caminho há uma enorme pedra chamada Manoel Pioneiro, por duas vezes prefeito da cidade e que detém junto aos moradores do município um enorme capital de simpatia, que o motiva a querer voltar à prefeitura.Um detalhe que não pode passar em branco foi a manobra política comandada por Helder para desestabilizar a candidatura de Pioneiro, manifestada no julgamento de caráter meramente político que considerou irregulares as contas de Pioneiro, do ano de 1999. Caso esse fato seja confirmado nas instâncias superiores, Manoel Pioneiro não terá como concorrer às eleições e a vitória de Helder será um tranqüilo W x O.

O grande problema de Helder é que Pioneiro já ingressou na justiça contra essa decisão, com grandes chances de anular o julgamento.Talvez o grande argumento de Pioneiro, em defesa da legitimidade das contas de 1999, seja a afirmação de que o TCM (Tribunal de Contas dos Municípios), órgão fiscalizador responsável pelo controle dos gastos públicos municipais, tenha recomendado à Câmara de Ananindeua, em parecer prévio, a provação das contas. Ao julgar irregulares as contas de 1999, os vereadores de Ananindeua declararam que os técnicos do TCM são incompetentes? São corruptos? Pois se havia nas contas flagrantes irregularidades, a tal ponto de eles, os vereadores, mesmo sem qualquer formação contábil, detectarem-nas, como pôde o TCM não apontá-las?

Outro detalhe que chama a atenção nesse caso é que os mesmos vereadores que votaram pela irregularidade das contas faziam parte, em 1999, da base de sustentação parlamentar do prefeito Pioneiro: Eliel Faustino, Pastora Ray, Papai Reynaldo, Pastor Divino, Da Costa, Carlúcio, dentre outros. Isso significa que esses vereadores, ao detectar agora em 2007 irregularidades cometidas em convênios assinados entre a prefeitura de Ananindeua e algumas entidades, não estavam fiscalizando as ações da prefeitura, deixando o prefeito “deitar e rolar” com o dinheiro público?

Ou seja, eles estariam declarando sua própria incompetência!Talvez o leitor entenda melhor esse jogo político, cujas regras se estabelecem, regra geral, unicamente em função dos ganhos pessoais dos envolvidos, se compreender que, nesse caso específico, os vereadores citados foram beneficiados com muitos convênios por eles solicitados junto ao prefeito, com associações, igrejas (não é pastora Ray?), porém, com a mudança do poder, e com isso, a posse da chave dos cofres, aqueles que apoiavam Pioneiro passaram a apoiar Helder Barbalho e agora rezam segundo a sua cartilha.Não é nenhuma surpresa, portanto, explicados os fatos, a total ausência de fiscalização das ações de gestão do atual prefeito. Ele tem o apoio de quase todos os atuais vereadores. E não me espantarei se daqui há dois anos, essas mesmas figuras estiverem novamente ao lado de Pioneiro, caso ele venha a ser eleito.

Não tenho tanta certeza se alguns desses vereadores irão se reeleger, pois muitos deles decepcionaram seus eleitores, como é o caso da “Pastora” Ray, da Igreja Quadrangular, a quem faltará pelo menos um voto, que é o da minha mãe, membro da igreja na Cidade Nova VI, declaradamente decepcionada com a distinta vereadora, a qual, segundo minha querida genitora, não dá um centavo para a congregação em questão.Será o fim do voto de cabresto, com as ovelhas no lugar dos bois? Queira Deus que sim, e que Ananindeua tenha políticos e dias melhores.

É possível ser um político honesto?

É POSSÍVEL SER UM POLÍTICO HONESTO?

Tenho 41 anos e sou professor de Literatura (por prazer) e Funcionário Público, por obrigação, e jornalista, em sonhos...
Falo em obrigação não por ter que servir à população, razão última de existir o “serviço público”; é porque, na verdade, meu grande sonho, desejo intenso, fonte de intermináveis debates internos, além (e mais) do (que o) jornalismo, é a política. Queria servir ao povo como em tese somente pela política seria possível.
Lembro-me das polis gregas, nas quais o sonho de buscar o bem comum se originou, para imaginar como eu seria um bom político, na luta por satisfazer os anseios dos cidadões/cidadãos/cidadães...
Porém, queridos leitores, minha esposa rejeita com fúria a simples possibilidade de eu vir a ser candidato a qualquer coisa na política. Ela, evangélica como eu, acha que todos os políticos, de algum modo, são corruptos, ladrões, safados...
A história dos Barbalho parece ser, aqui no Pará, o motivo pelo qual tantas pessoas de bem julgam os políticos como os parias do mundo, nos quais não é possível confiar uma grama.
Tenho algumas reminiscências de como essa família chegou ao que é, hoje, em termos de poder político e econômico; talvez porque, desde 1982, utilizou-se do poder econômico para chegar ao político. Lembra-se do famoso caso BANPARÁ, e do desvio de milhões? Pois é, todo mundo diz que foi com esse dinheiro que Jader comprou “0 Estado do Pará” (trocadilho pertinente esse, não?) um folhetim político, meio marrom, que nasceu com o sonho megalomaníaco de ser o contra-ponto de O Lineral, “maior jornal da Amazônia”. Passados 25 anos, o cara enriqueceu, pulverizou suas relações pessoais, trocando a mulher pela sobrinha, e, agora, esta por uma deputada, eleita com um “empurrãozinho” de Jader.
Minha irmã trabalhou na Ação Social, desde o seu primeiro momento. Conhecia bem a família, viu os dois meninos Barbalho crescerem, e até ganhou uma medalha de Jader, pelos serviços prestados ao Estado. Um belo dia, porém, minha irmã entrou em descrédito junto aos poderosos chefões por uma questiúncula envolvendo a irmã de Elcione, a dra. Isane Zaluth, uma bibliotecária. Não conto detalhes para preservar minha querida irmã, funcionária pública exemplar.
Vocês, leitores, conhecem bem a trajetória dos Barbalho. E sabem que o sonho político (de poder, portanto) da família jogou na lixeira da consciência qualquer embaraço surgido dos inúmeros casos de adultério envolvendo o maioral deles, tudo para que a população paraense não perceba que essa imagem de união e afeto, apesar das traições e mentiras, é apenas uma grande farsa montada para que todos dessa família abocanhem a fatia de poder que sua ganância pessoa julga adequada. Por isso, no palanque dos Barbalho entram todos, agressores e agredidos, traidores e traídos, chifrudos e chifradores. É possível que em outubro vejamos de mão dadas a dona Elcione, a dona Márcia, a outra dona...
Pois bem, aqui em Ananindeua, onde moro, a família Barbalho estabeleceu seu segundo quartel general. O filho, Helder, mudou-se para cá a fim de construir sua carreira política e dar ao pai a concretização de um sonho: ser governador do Estado.
Parece que o filho não herdou o mesmo carisma do pai. Digo isso porque conheço uma família pela qual o avó de Helder, Laércio Barbalho, nutria grande carinho. Parece que a matriarca dessa família trabalhou na Ação Social, pelos idos de oitenta, e fazia comidas deliciosas. A família em questão mora na Cidade Nova, e de vez em quando, Laércio a visitava. Dias desses, um dos membros da família passou mal e foi levado às presas para o Pronto Socorro da Cidade Nova 6, tendo que esperar mais de quatro horas para ser atendido. Sua irmã, furiosa, chamou a imprensa, e “largou o pau” no Helder. A matéria saiu hoje nos veículos de comunicação dos Maiorana, é óbvio.
Como vocês vêem, leitores, honestidade e carisma parecem habilidades que a genética não transmite às gerações futuras. O avó de Helder, se vivo fosse, talvez tivesse um ataque cardíaco ao ver/ouvir/ler a entrevista da filha da mulher a quem tanto estimava. É claro que ele não seria levado a nenhum pronto socorro público!!!Respondendo à pergunta inicial: para ser honesto na política, basta ser ético, honesto e cumprir com fidelidade sua missão, que é lutar pelos interesses da população, enfim, não sendo igual aos Barbalho.